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sábado, setembro 05, 2009

Silêncio de morte e festa em Perpignan

Talvez sejam os últimos resistentes do jornalismo empenhado, de causas.

Que leva um fotojornalista a viver 4 anos em El Salvador no meio de um gang de droga para ser morto numa emboscada? Só pode ser espírito de missão e uma atitude de total entrega ao trabalho.

Ontem o momento em que JeanFrancois- Leroy, director do Visa Pour L`Image, anunciava a morte do fotógrafo e realizador Cristian Pavaudet no El salvador, foi recebido com um longo silêncio, entre as cerca de 4 mil pessoas que estavam no auditório ao ar livre, na sessão noturna.

Tinha estado o ano passado aqui com Pavaudet e as suas fotografias impressionavam pelo envolvimento, coragem e capacidade de mostrar. O fotógrafo de imprensa é um dos alvos a abater quando os conflitos se agudizam, por ser ele o mensageiro inconveniente e credível.

Hoje o dia foi longo. Muitas fotos a ver. Impressionante o trabalho de Eugene Richards sobre as vítimas americanas do Iraque, o Irão dos anos oitenta de Burnett, as fotos de bastidores de Obama...e mais, muito mais.

Mais triste, o encontro com Marie Laure de Deker, a decana fotógrafa da Gamma, a posar com os seus colegas de agência numa fotografia de grupo no stand da Canon. A agência está a agonizar depois de uma gestão incompetente e arrogante ter levado à falência uma agência com 41 anos e que facturava uma soma soberba há anos.

Muito bom o trabalho de jovens fotógrafos (incluíndo os portugueses da kamera e da 4 See) e de sublinhar a forma atenta como o Maire de Perpignan apoia o festival, assim como a ministra da cultura que não quis faltar à sessão de hoje.

Gostava imenso de vos falar mais do festival, mas é tarde, está frio no motel, e amanhã quero estar cedo em Perpi, para a conferência do Eugene Richards.

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