Páginas

sexta-feira, maio 29, 2009

Os coveiros da cidade de Lisboa


Há uma impunidade silenciada na Câmara de Lisboa. Pelos vistos anda tudo a dormir, já ninguém reage às tonterias de Manuel Salgado. Vejamos: a poucos meses das eleições, e sem que Lisboa revele nas ruas a mais pequena intervenção da presidência de António Costa (tirando talvez o desastrado arranjo do Jardim de S.Pedro de Alcântara, ou as corridas da Fórmula 1 da Renault, ou o stand de carros da Skoda na Praça das Flores) há projectos concretos para intervirem na estrutura arquitectónica da cidade e no seu planeamento, muito polémicos e desastrados, mas que todos fingem não saber.

Sem concurso público há arquitectos a fazerem projectos, a tornarem-se senhores de soluções para Lisboa, que em vez de a reabilitarem lhe vão dar o golpe de misericórdia.

Vejamos: não conheço cidade no Mundo civilizado mais decadente do que Lisboa. Os bairros antigos ( todo o núcleo histórico) estão em ruína, como se já tivesse acontecido o sismo. Os proprietários abandonaram prédios históricos, há casas em ruínas há décadas, proliferam os bandos de traficantes de droga, não há segurança, nem sossego, nem vida urbana, nem negócio. Mesmo com uns prédios aqui e ali a anunciarem que o projecto foi aprovado pela Câmara mas que falta pela Assembleia (porquê? Para reabilitar um imóvel é preciso ser votado pelos políticos?) a verdade é que o estado a que chegou Lisboa nem daqui a 30 anos vai estar recuperada.

O comércio tradicional acabou, sobrevivem umas lojecas de proprietários velhotes, o novo comércio só sobrevive o de lojas muito especiais no Bairro Alto ou o comércio de indianos. Aliás a cidade antiga foi ocupada por todo o tipo de raças e nacionalidades, por acaso só não é utilizada por portugueses, o que dava algum interesse, já agora, para sentirmos que há também lisboetas portugueses em Lisboa.
Trezentos mil tipos espertos deixaram Lisboa nos últimos 10 anos ( eu incluo-me nesse número). Estava farto de bares a chatearem-me, de não ter estacionamento, de IMI caro, de falta de segurança, de caixotes do lixo abandonados, de drogados a dormirem à porta, de carros abandonados na rua, estava farto. E ainda João Soares não tinha inventado essa empresa exemplar, amiga dos utilizadores, a EMEL! Por muito menos custo vivo no Estoril. Quero dizer: Lisboa não tem qualidade de vida, é cara, perigosa, porca, esburacada, demasiado acultural, não há pachorra. As empresas piraram-se de Lisboa: os funcionários não têm onde estacionar, é caro almoçar, é caro o metro quadrado, não há nada a favor. E há falta de segurança. Uns amigos meus abriram uma empresa em Lisboa há meses, já estão fartos. Ontem houve tiros na rua, hoje a polícia cortou o estacionamento, depois das 20 é uma aventura sair do escritório, para se chegar ao carro tem de se dialogar com um sem fim de desgraçados a pedirem moedas para a droga. Ontem um comerciante na Rua do Norte, jovem, dizia-me que estar ali era uma permanente aventura: perigo, aluguer caro, segurança paga pelos comerciantes, apoio da Câmara: ZERO.

Perante este cenário, e nunca mais acabaria o enumerar de chatices lisboetas, em que está preocupado António Costa ? Em tirar os carros da cidade, meter escadas no Terreiro do Paço, aumentar os custos de estacionamento ( já no limite do proibitivo). Esta é a preocupação dele. Não é recuperar as casas devolutas, facilitar a vida em Lisboa, atrair gente, encontrar soluções simples e eficazes para pôr a cidade a palpitar. Não. Costa quer sangue. Quer impor aos cidadãos normas de conduta, comportamentos, hábitos. Costa quer Lisboa uma cidade museu. Sem comércio, nem empresas, nem habitação para todas as classes. Pior: a oposição vai atrás e diz que gostava de fazer o mesmo. Até essa anedota política que é Carmona Rodrigues veio dizer que ele também queria o mesmo. Aliás foi ele que perseguiu os motociclistas em Lisboa, quando mandou reboques da Câmara remover motas em cima do passeio, sem que estivessem a incomodar, uma norma aceite em Paris, Madrid e Barcelona.

Esta política demagógica vai desertificar ainda mais Lisboa. Imagine-se que os Centros Comerciais adoptavam este tipo de medidas, alguém lá ia ? António Costa e esta equipa que quer aplicar na vida real o que andou a aprender na Faculdade de Arquitectura (conheço alguns, foram meus professores e colegas) faz-me lembrar aqueles gurus do novo jornalismo: sabem imenso, na hora de concretizarem as suas ideias, os jornais diminuem de vendas, outros fecham. Mas a culpa é sempre da internet. Em Lisboa a culpa de ninguém querer viver nesse bidé, é dos automóveis. Deixem-nos viver Lisboa.Tomem juízo!

1 comentário:

  1. Caro Luiz, o Costa pode ser, e é, uma bosta, mas de quem é realmente a culpa? Dele ou dos atrasados que nele votaram e que votarão avâ cantigas e pinócrates outra vez? Quem destrói o país, os socialistas criminosos ou quem neles vota?

    ResponderEliminar