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sábado, maio 23, 2009

Marinho Pinto mete na ordem Manuela Moura Guedes

foto: Luiz Carvalho/Expresso
Sejamos honestos: o que Marinho Pinto disse ontem a Manuela Moura Guedes, e que deixou tanta gente escandalizada, não foi mais do que muitos gostariam de ir ali dizer ao jornal de sexta. A verdade é que há uma impunidade instalada e que hoje pode escrever-se e dizer-se tudo da forma mais delirante sem que haja nesse aventureirismo qualquer penalização. Pior: os espectadores e leitores adoram ouvir e ler dizer mal, mesmo pelas razões mais idiotas.

Só há pouco vi os três minutos para a eternidade Guedes-Marinho, mas ontem à noite depois de ter visto uma peça na SIC-N tinha ficado perplexo. Como era a estrutura da peça? Um apanhado entre todos (ou quase todos) os secretários-regionais da Ordem dos Advogados a malharem no bastonário sem apresentarem um argumento com pés nem cabeça. Limitavam-se aos insultos e a debitarem meias-verdades, que qualquer jornalista minimamente informado teria logo percebido que se tratavam de insultos e não de factos. E um jornalista responsável não pode editar bocas e frases de propaganda, sem haver sequer contraditório.

A verdade é esta: os secretários- regionais da Ordem portam-se como entidades que querem podem e mandam, têm um orçamento de 6 milhões de euros por ano, e fazem da profissão um lobby. O bastonário quer acabar com esta pouca vergonha, quer moralizar e meter na ordem uma situação escandalosa. Claro que os barões ao verem postas em causa mordomias e regalias, como se estivéssemos no tempo do Marquês de Pombal, só podem fazer uma coisa: uma intentona contra o bastonário. Os jornais não costumam explicar isto. E as televisões preferem ganhar share a dizerem mal, do que ganharem prestígio e explicarem a verdade ( ou as verdades) aos espectadores.

Pode até não se gostar do estilo lança-chamas de Marinho Pinto, mas há verdades demasiado duras e escandalosas no exercício da advocacia: deputados que são advogados e defendem os interesses pessoais, escritórios que ganham consultadorias no Estado no valor de milhões de euros sem concurso, políticos que exercem Poder e mantêm os seus escritórios na retaguarda, exploração miserável dos jovens advogados que chegam a ganhar menos que uma mulher a dias,
uma relação arrogante com os clientes sem posses, mordomias tão ridículas como poderem passar à frente de qualquer cidadão numa fila das finanças...os advogados instalados, com uma cultura pouco ou nada democrática, não querem perder.

O bastonário, que é um homem de uma dimensão humana excepcional, e que ganhou o cargo não para brilho ao ego, mas porque acredita na mudança das coisas, está a ser atacado por todos os lados. Percebe-se.

Em Portugal podemos sempre criticar, desde que não se ultrapasse o risco que separa a critica sem consequências, daquela que faz mesmo mudar e pôr em causa. Esta norma conta para todas as actividades. O pior da nossa sociedade são os pequenos poderes instalados. O poderzinho do chefe, do burocrata, do doutor, os pequenos mundos de apaniguados que giram à volta de amizades de circunstância, almoçinhos e fins-de-semana, entre medíocres da mesma condição. São os arrogantes, inseguros, formados por cartilhas que ajudam a manter o lugarzinho, mas onde não há espaço nem para a critica, nem para a inovação. A mediocridade total.

Manuela Moura Guedes ouviu o que nunca ouviu. Ela que começou por ser uma jornalista irreverente transformou o seu jornal de sexta numa atordoada ridícula e caricata.
Marinho Pinto dizia na quinta de manhã numa entrevista que não devemos ter medo de duas coisas na vida: do Diabo (porque assim temos medo todos os dias) e da morte (porque assim morremos todos os dias). Agora acrescentou-lhe a Manuela Moura Guedes !

9 comentários:

  1. Luis Barra6:14 da tarde

    Brilhante Luiz!!

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  2. Onde é que eu assino, Luis?
    Subscrevo tudo o que está escrito!

    Abraço,
    Fernando Contumélias

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  3. João Santos12:41 da manhã

    Em universidades, onde se leccionam cursos de Ciências da Comunicação e de jornalismo, quando se pretende dar um exemplo do que não deve ser o jornalismo, recorre-se ao exemplo da Manuela Moura Guedes.

    Esta pedante da Manuela Moura Guedes, há muito que já não deveria estar a fazer jornalismo em Portugal, devido à sua gritante incompetência.

    O José Eduardo Moniz pode ser um bom gestor televisivo, mas irá concerteza ficar para a história, aliado ao pior do que já alguma vez se fez na televisão em Portugal.

    De facto, em vez de termos um tipo de jornalismo orientado para a qualidade informativa, para o rigor, para a imparcialidade e para a objectividade, temos todos os dias o nacional folclore que observamos nos diferentes meios de comunicação social, com particular relevo para o lixo informativo que se pratica na TVI.

    Já não bastava termos políticos medíocres, temos também, uma informação jornalística mediocre, apenas para se conseguir aumentar, a todo o custo, os números do share de audiências.

    É vergonhoso certos jornalistas criticarem os politicos pelo atraso em que o o país se encontra, quando são eles mesmos, muitas vezes, os primeiros a dar o mau exemplo.

    A comunicação social tem também o seu papel a desempenhar na construção e soldificação da democracia e o que se verifica neste campo, é que também a comunicação socila se encontra em défice, tal como a classe politica.

    E assim, com uma comunicação social de baixo nível, aliada a políticos, também de nível baixo, caminha este país para um cada vez maior atraso no seu desenvolvimento e para o último lugar dos países integrantes da União Europeia.

    Portugal, é de facto, o reino da mediocridade, onde deveria existir muito mais vontade em se modificar o rumo dos acontecimentos.

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  4. João Santos12:49 da manhã

    Em universidades, onde se leccionam cursos de Ciências da Comunicação e de jornalismo, quando se pretende dar um exemplo do que não deve ser o jornalismo, recorre-se ao exemplo da Manuela Moura Guedes.

    Esta pedante da Manuela Moura Guedes, há muito que já não deveria estar a fazer jornalismo em Portugal, devido à sua gritante incompetência.

    O José Eduardo Moniz pode ser um bom gestor televisivo, mas irá concerteza ficar para a história, aliado ao pior do que já alguma vez se fez na televisão em Portugal.

    De facto, em vez de termos um tipo de jornalismo orientado para a qualidade informativa, para o rigor, para a imparcialidade e para a objectividade, temos todos os dias o nacional folclore que observamos nos diferentes meios de comunicação social, com particular relevo para o lixo informativo que se pratica na TVI.

    Já não bastava termos políticos medíocres, temos também, uma informação jornalística mediocre, apenas para se conseguir aumentar, a todo o custo, os números do share de audiências.

    É vergonhoso certos jornalistas criticarem os politicos pelo atraso em que o o país se encontra, quando são eles mesmos, muitas vezes, os primeiros a dar o mau exemplo.

    A comunicação social tem também o seu papel a desempenhar na construção e solidificação da democracia e o que se verifica neste campo, é que também a comunicação social se encontra em défice, tal como a classe politica.

    E assim, com uma comunicação social de baixo nível, aliada a políticos, também de nível baixo, caminha este país para um cada vez maior atraso no seu desenvolvimento e para o último lugar dos países integrantes da União Europeia.

    Portugal, é de facto, o reino da mediocridade, onde deveria existir muito mais vontade em se modificar o rumo dos acontecimentos.

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  5. Veio tarde ao tema, mas não faltou... Desta vez Luís, tem muita gente do seu lado. Ainda bem.
    Marinho Pinto tem de ficar para a História do nosso país, como o homem humilde, íntegro, e corajoso que tentou acabar com esquemas, corrupção, vigarice, mafia instituídas em várias áreas da nossa sociedade.
    Tentou, mas não o deixaram. Um homem só não consegue vencer tanto cão de matilha. Ontem infelizmente, acabou por sentenciar-se ainda mais. Mas não caiu sozinho. Arrastou consigo o mau serviço público que a informação da tvi presta ao país. Ontem acabou o péssimo reinado de uma jornalista que há muito deixou de o ser.
    Mas ao contrário do que tudo indicava poder acontecer, hoje, pouco se falou no caso. Branqueamento?? Passar uma esponja e fingir que nada se passou?? Há aqui algo estranho e não é para favorecer Marinho Pinto, porque esse se pudessem já lhe tinham feito o funeral.
    Agora só falta a manela vir dizer que a picardia entre ela e MP é culpa do PM. Se calhar até foi um primo, ou um tio de Sócrates que telefonaram a MP para ir à tvi.... tinha piada.

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  6. Finalmente um comentário bom!
    Parabéns! Estudei Ciências da Comunicação e há cinco anos atrás, o jornal da TVI já era mal falado. E que a Sra Moniz teve um percurso bem interessante na progressão de carreira. E mais n comento... Neste momento não coloco em questão os jornalistas daquela estação em causa (sim, pq há pivot's e jornalistas bons na estação), mas o Sr. Director Moniz que faz uma única coisa a favor do nosso páis: dar emprego e oportunidades a novos actores. Porque de resto, só vejo apoiar a ignorância da MMG e dele. Quem vê uma vez o Jornal da Sexta, não volta a ver a segunda. Marinho Pinho pode ser grosseiro, mas disse simplesmente a verdade, nada mais. Enquanto que a MMG apenas opina, contra-ataca.
    Parabéns pelo texto! Muito bom e realista!
    GMMC

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  7. Sim senhor, subscrevo. Sem dúvida que quem vê o JN uma vez já não quer repetir porque as pessoas ficam iritadas com aquela pesença no ecrâ, Enfim subiu-lhe qualquer coisa á cabeça e só fez disparates...

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