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quarta-feira, maio 13, 2009

Gestão para Totós

Há uma evidente impunidade nos casos BPN e BPP. Por muito menos muita boa gente foi presa. Aliás Pedro Caldeira é um santo para a História.

As declarações hoje de Sócrates na AR, são por si a evidência de que se não houvesse grande marosca na gestão do BPP ele, primeiro-ministro, nunca poderia ter ido tão longe nas suas declarações. Há gestão danosa e abuso de confiança, no mínimo, e quando Carlos Tavares disse o que disse, não o seria levianamente pois não é esse o seu comportamento como homem de bem. Portanto: há milhões de euros desaparecidos e gente desesperada que tinha no banco as poupanças e ganhos de uma vida e hoje está desesperada.

Não é inédito tudo isto na banca portuguesa. A falência da Caixa Faialense aqui há uns anos, e que envolvia gente ligada ao PPD, foi também uma tragédia para muitos clientes que lá tinham as poupanças e tudo perderam. Os responsáveis nunca ficaram atrás das grades e até continuaram a ter uma vida regrada. Este problema não tira só - e já é demasiado- a confiança no sistema bancário, estes aventureirismos de uns chicos- espertos exemplares, são pagos pelos nossos impostos, por nós todos. Esta realidade difícil de gerir por qualquer governo, só se combate com uma apertada malha na supervisão bancária, e por o Poder tratar a banca não com o medo e a subserviência habitual, mas com regras bem apertadas. Rigor. Uma ASAE para a banca.

Num país onde há em cada rotunda uma operação stop da polícia para chatear o pacato cidadão que não traz o selo afixado ou cuja morada da carta não dá com a do livrete do carro, numa caça à multa digna da polícia de Maputo, neste país de polícias armados em maus e em burocratas multadores, deveria haver um controle eficaz com aqueles que conseguem eclipsar dinheiro mais depressa do que um qualquer vigarista mágico.

Agora já percebemos: vamos pagar todos o calote. Talvez tenhamos como bónus essa obra superior de gestão, que as universidades dos mestres neo-liberais devem adoptar:" Uma gestão exemplar". Gosto imenso de citar isto. É, para mim, o retrato da lata suprema num país de totós.

1 comentário:

  1. De certeza que queria dizer impunidade em vez de punidade. Tal como a língua portuguesa o teclado também pode ser muito traiçoeiro.

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