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terça-feira, fevereiro 03, 2009

O primeiro dia do resto de Sócrates

Há uma realidade que nos inquieta: os números. Essa figura de que Guterres fugia para lançar a ideia de que a sociedade democrática e social não podia ficar presa à ditadura da economia. Mesmo Sampaio ao dizer que havia vida para lá do deficit trazia no fundo a mesma política humanista para a frente. Hoje, são os números que nos assustam e nos fazem sentir frágeis.

Hoje os números voltaram a incomodar. Veja-se: um dos maiores ricos do país, Américo Amorim, despediu duzentos trabalhadores. Motivo: há menos procura de cortiça no mercado. Só deu conta agora, ou há 4 meses antes do buraco financeiro global ?Ora, sendo a cortiça um dos produtos mais raros no mercado, e sendo nós um dos exportadores líderes a nível mundial, mesmo assim ficamos em crise ? Se naquilo que vendemos bem estamos falidos, que se dirá então nas outras actividades?
A verdade é que com a legislação portuguesa (a tal diabólica lei do trabalho!!) é difícil despedir individualmente (já foi muito mais) já os despedimentos colectivos são facílimos. Um patrão ao despedir colectivamente fica quase sem responsabilidades sociais e encargos. A Segurança Social cobre quase o ordenado total (em salários até mil euros) e permite uma longa folga aos despedidos. Entretanto, todos nós vamos pagando para os que injustamente ficam sem trabalhar.
Os patrões poupam muito dinheiro, respiram, os trabalhadores descansam. Entretanto novos contratados eventuais são empregados ou até os despedidos findo o período do subsídio de desemprego.
Ontem ouvi num elevador o desabafo de uma directora que dizia não conseguir contratar ninguém porque ninguém aceitava ir trabalhar por um ordenado que não fosse substancialmente maior do que o subsídio de desemprego. Óbvio...
Mas se virmos o dinheiro que a CGD está a meter no BPN é de arrepiar. Já tanto como o investimento no TGV !!! Mais do que o custo social dos desempregados previstos para este ano. Uma loucura que não sei como se paga. A nacionalização do BPN começa a perceber-se que foi uma precipitação...ou talvez não. Quem pode afirmar?
Sem liquidez, nem crédito (os bancos agora puxam forte pelos spreds) não vamos a lado nenhum. E tudo isto começa a ficar demasiado enervante.

Entretanto hoje foi o primeiro dia do resto da vida de Sócrates em que não se falou do Freeport. Para a semana já passou, e se Sócrates souber fazer de morto, ressuscitará ao terceiro dia como nas escrituras. Para mal dos nossos pecados.

PS: mais uma coisa: andámos a doutrinar os empresários que Portugal só podia sobreviver com tecnologia de ponta. A maior empresa exportadora de Portugal, com uma tecnologia de ponta única, acaba de falir. E agora ?A cortiça, pelos vistos, também não dá, e "os" das Caldas também não. Que vamos fazer? Talvez f.. Como dizia o Abrunhosa.Que também já não vende.

1 comentário:

  1. Mas é claro que vai ressuscitar, no congresso
    Albanês....ele vai ser o querido Lider!!E sabe
    quem vai ser o APRESENTADOR DO CABARET?O grande
    inspector do Regime:Augusto S. Silva e mais
    alguns vira casacas tipo A. Costa...L. R.

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