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quarta-feira, dezembro 17, 2008

O render da crise

É evidente que ainda ninguém conseguiu diagnosticar o remédio eficaz (e barato, genérico)contra a crise financeira (porque a residual essa continua lá escondida agora com a mais global). Os Estados que até agora achavam que o mercado tinha resistências próprias para regular, acabaram por voltar aos bons tempos do Estado sinaleiro, regulador, protector.

Sócrates que castigou a classe média com o papão do deficit, que devido a essa obsessão acabou por retardar o crescimento do país, agora marimba-se no deficit e opta por uma política quase oposta: garantias em milhões à banca, abrir cordões à bolsa para mais rotundas, retretes, pistas de alcatrão e tudo o que tocar a construção. Portanto: ninguém percebe nada. A política é feita com a costa à vista e o que for se verá.
A crise está a render para muitas empresas. Usam-na para despedir, emagrecer, cortar nos direitos dos trabalhadores, como se esta crise que dura há dois meses pudesse ser responsável por muita má gestão, leviandade e muito novo-riquismo que as empresas portuguesas gostam de praticar. Não todas, claro. Mas não nos esqueçamos que 80 por cento do patronato é quase analfabeto e que tem nas mãos milhares de postos de trabalho.
Quanto à banca estamos entendidos: os portugueses correram a abrir contas na Caixa Geral de Depósitos (já tinha pensado nisso!!) e a revelação de que os senhores gestores do BCP ganhavam 10 mil euros por dia entre 2002 e 2008, é na verdade uma coisa extraordinária. E não há ali gestão danosa, abuso de poder ? Num banco que se preza de não pagar horas extraordinárias aos trabalhadores, e que tem uma gestão draconiana do pessoal, estas verbas são de ir às lágrimas. Só Sócrates é que não acha que tem havido por cá um evidente fosso entre os mais ricos e os mais pobres. São as santas estatísticas.

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