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domingo, agosto 10, 2008

Ainda a Quinta da Fonte

Com a devida vénia ao meu colega Mário Crespo. Aí vai um texto seu que descobri na net e que só agora vi. Muito bom para reflecção.


Cenas da vida quotidiana na Quinta da Fonte

O homem, jovem, movimentava-se num desespero agitado entre um grupo de mulheres vestidas de negro que ululavam lamentos. "Perdi tudo!" "O que é que perdeu?" perguntou-lhe um repórter.

"Entraram-me em casa, espatifaram tudo. Levaram o plasma, o DVD a aparelhagem..." Esta foi uma das esclarecedoras declarações dos auto desalojados da Quinta da Fonte. A imagem do absurdo em que a assistência social se tornou em Portugal fica clara quando é complementada com as informações do presidente da Câmara de Loures: uma elevadíssima percentagem da população do bairro recebe rendimento de inserção social e paga "quatro ou cinco euros de renda mensal" pelas habitações camarárias. Dias depois, noutra reportagem outro jovem adulto mostrava a sua casa vandalizada, apontando a sala de onde tinham levado a TV e os DVD. A seguir, transtornadíssimo, ia ao que tinha sido o quarto dos filhos dizendo que "até a TV e a playstation das crianças" lhe tinham roubado. Neste país, tão cheio de dificuldades para quem tem rendimentos declarados, dinheiro público não pode continuar a ser desviado para sustentar predadores profissionais dos fundos constituídos em boa fé para atender a situações excepcionais de carência. A culpa não é só de quem usufrui desses dinheiros. A principal responsabilidade destes desvios cai sobre os oportunismos políticos que à custa destas bizarras benesses, compraram votos de Norte a Sul. É inexplicável num país de economias domésticas esfrangalhadas por uma Euribor com freio nos dentes que há famílias que pagam "quatro ou cinco Euros de renda" à câmara de Loures e no fim do mês recebem o rendimento social de inserção que, se habilmente requerido por um grupo familiar de cinco ou seis pessoas, atinge quantias muito acima do ordenado mínimo. É inaceitável que estes beneficiários de tudo e mais alguma coisa ainda querem que os seus T2 e T3 a "quatro ou cinco euros mensais" lhes sejam dados em zonas "onde não haja pretos". Não é o sistema em Portugal que marginaliza comunidades. O sistema é que se tem vindo a alhear da realidade e da decência e agora é confrontado por elas em plena rua com manifestações de índole intoleravelmente racista e saraivadas de balas de grande calibre disparadas com impunidade. O país inteiro viu uma dezena de homens armados a fazer fogo na via pública. Não foram detidos embora sejam facilmente identificáveis. Pelo contrário. Do silêncio cúmplice do grupo de marginais sai eloquente uma mensagem de ameaça de contorno criminoso - "ou nos dão uma zona etnicamente limpa ou matamos." A resposta do Estado veio numa patética distribuição de flores a cabecilhas de gangs de traficantes e auto denominados representantes comunitários, entre os sorrisos da resignação embaraçada dos responsáveis autárquicos e do governo civil. Cá fora, no terreno, o único elemento que ainda nos separa da barbárie e da anarquia mantém na Quinta da Fonte uma guarda de 24 horas por dia com metralhadoras e coletes à prova de bala. Provavelmente, enquanto arriscam a vida neste parque temático de incongruências socio-políticas, os defensores do que nos resta de ordem pensam que ganham menos que um desses agregados familiares de profissionais da extorsão e que o ordenado da PSP deste mês de Julho se vai ressentir outra vez da subida da Euribor.

1 comentário:

  1. Pura demagogia!
    Ou demagogia pura !!!

    Então e as rendas que ficaram congeladas 40 anos e hoje nem dão para pagar o IMI , dessas casas velhas e cair!
    Veja-se como estão as partes velhas de todas as cidades em Portugal, exceptuando Guimarães!
    Muitas dessas familias que usufruiram dessa lei das rendas congeladas , hoje tem um patrimonio imobiliario fabuloso e continuam a pagar a renda equivalente a 1 kg de peixe por mês e em alguns casos, ainda alugam quartos ao mês por 300 e 400 € / mês!

    Há bairros criados para familias mais desfavorecidas, promovidos pelas cãmaras ou pela Segurança Social que foram entregues aos amigos do sistema por tuta e meia e estes depois de passados 5 anos venderam-nos por balurdios!!! Tudo com os nossos impostos !!

    impostos mal gastos é adjudicar obras por 3 e 4 vezes o valor real . É por exemplo a câmara de lisboa ter 14 000 funcionarios !!!
    Impostos mal gastos é oferecer o edificio da Expo ao Casino sem qualquer contrapartida para o Estado, porque contrapartidas houve de certeza!

    Impostos mal gastos foi o negocio com a Lusoponte !

    Argumentar que os impostos estão a ser mal gastos por se pagar 150 € / a familias com 4 e 5 filhos e pura demagogia!
    O Estado devia é exercer a sua obrigação de monotorizar essas familias e orientá-las através de assistentes sociais em conjunto com as câmaras de forma a evitar que as incubadoras do crime se desenvolvam. Esse era a sua obrigação ! O estado só tem olhos para cobrar os impostos e agora está a fomentar o odio aos ciganos para se desculpar da sua horrivel, incompetente , dispendiosa e injusta administração.

    O povo português vive mal porque o seu governo é incompetente. Esta é a verdade e que custa a aceitar, mas é a pura verdade!

    Está é para os ideologos fomentadores da lavagem cerebral lusitana:

    Imaginem 50 mil familias ciganas x 150€ por 14 meses = 10,5 milhões de euros.
    10,5 mil~hoes de euros para a Administração publica portuguesa não dá para mandar cantar um cego !
    10,5 milhões não dava para pagar as alterações ao projecto do tunel do marques, por exemplo!

    em vez de chorarem por os 150€/ mês escrutinem melhor os dinheiro publicos nas empreitadas e nos gastos correntes!

    Tenham dó!

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